Quando organismos humanos adoecem, busca-se a consulta à profissionais do segmento de saúde, de atenção primária ou específicos para determinadas especialidades, objetivando diagnosticar e tratar a patologia identificada.
E em relação às empresas, pratica-se o mesmo cuidado? Quando a empresa adoece busca-se especialistas para apoiar no seu tratamento? É comum buscar-se o conselho e a ajuda dos consultores de organização e gestão.
Esse foi o tema central de matéria recentemente publicada no Wall Street Jornal de 29/07/2016 ( http://www.wsj.com/articles/cfos-turn-to-consultants-as-challenges-mount-1469468219): as empresas estão investindo mais em bons conselhos. Estão recorrendo a consultores externos para lidar com desafios cada vez mais complexos.
Nos EUA, o maior mercado de consultoria do mundo, que movimenta US$ 54 bilhões ao ano, cresceu em 2015, US$ 3,9 bilhões. Para 2016, a estimativa é crescer 10%, segundo a empresa de pesquisa de mercado, Source Global Research (2).
No Brasil, 9a. Economia do mundo, o mercado de consultoria foi impactado pela crise econômica, política e moral e em 2015 representou 2% do mercado americano ( Struggling economy hits Brazilian consulting market – October 30, 2015
http://www.sourceglobalresearch.com/content/struggling-economy-hits-brazilian-consulting-market), ou seja US$ 1,27 bilhões. Os números revelam que ainda temos muito para crescer e aprimorar em relação à consultoria profissional.
Recentemente o IBCO, Instituto Brasileiro de Consultores de Organização realizou uma pesquisa sobre a consultoria no Brasil e identificou que 72% dos respondentes considera qualidade e ética como diferenciais competitivos para a profissão de consultor e para 76% o mercado está exigindo cada vez mais qualificação e profissionalização.
Muitos profissionais usam de forma indevida e irresponsável o “rótulo ou o título de consultor” para ocultar a intermediação ou condução de negócios questionáveis, fenômeno antigo iluminado pelos novos faróis das investigações da Lava-Jato. Em todo o mundo há crescente preocupação com esses fatos, que impactam a economia e o desenvolvimento social pelo desvio de recursos. Por isto a ética aparece nas pesquisas como diferencial competitivo, o que na verdade, deveria ser um requisito básico para o profissional que atua como consultor.
Por isso, o ICMCI – International Council of Management Consulting Institutes, presente em mais de 50 países (inclusive no Brasil, representado pelo IBCO), estimula a Certificação Internacional CMC e a adesão a um Código de Ética. Os Consultores Certificados CMC (Certified Management Consultant), passam por um processo rigoroso de avaliação da sua conduta ética, qualificação profissional e resultados dos projetos de consultoria em seus clientes. No mundo existem 10.000 consultores com certificação CMC, no Brasil são 20 profissionais com esta certificação e no RS são 2 profissionais.
Seguindo nessa direção será lançado, no início de 2017, a ISO 20700, que elevará os serviços de consultoria em gestão a novo patamar. Tudo isso visa assegurar que a profissão de consultoria preserve uma imagem de credibilidade e competência junto a todas as organizações que buscam esse serviço para melhorar seu desempenho e cumprirem sua missão.
E como avaliar se a empresa está doente?
No momento em que sua equipe não encontra novas soluções para os problemas antigos, têm dificuldade de criar práticas de gestão orientadas para o cliente e que ao mesmo tempo promovam a otimização de processos e custos operacionais, preste atenção se a mesma não está com sintomas de adoecimento.
Analise quantas novas ideias estão sendo implementadas no ambiente organizacional a cada mês, qual o nível de engajamento dos seus profissionais com o resultado do negócio e de que forma cada dia seus profissionais concentram esforços nos custos que podem ser eliminados porque não agregam valor ao cliente. Se estes aspectos estão sendo desenvolvidos no ambiente da sua empresa, você está com um organismo vivo que tem grandes chances de permanecer no mercado de forma competitiva e sustentável. Parabéns!!!!
Caso contrário, reflita se não é o momento de repensar suas práticas de gestão, seus padrões de trabalho, sua cultura organizacional e avaliar o potencial de crescimento do seu negócio no longo prazo. O primeiro passo para a cura é a consciência da necessidade do tratamento.
Escrito por:
Consultora e CEO do Grupo Giovanoni, Ana Giovanoni.